Uma
doença que ameaça a existência de anfíbios no mundo inteiro
pode ter tido origem no uso de sapos em testes de gravidez,
segundo cientistas. Essa teoria está em debate em uma
conferência em Washington, onde os cientistas esperam fazer um
plano para evitar a extinção de espécies de sapos, rãs e
salamandras.
Nos anos 1930, sapos africanos que teriam contraído uma
doença provocada por fungos foram exportados para uso em
testes de gravidez de seres humanos. Isso teria levado à
disseminação da doença conhecida em inglês como
Chytridiomycosis, que é atualmente uma das grandes causas do
declínio no número de anfíbios no mundo. Segundo a avaliação
mais recente, quase um terço desse grupo de animais corre
risco de extinção.
Injeção Um grupo de pesquisadores liderados pelo
cientista australiano Rick Speare lançou a teoria de que, na
África, sapos e o fungo Batrachochytrium dendrobatidis (que
causa a doença) tinham co-existido por um longo período,
durante o qual o animal teria desenvolvido resistência ao mal.
Nos anos 1930 e 1940, fêmeas vivas de sapos da espécie
Xenopus laevis foram levadas da África para testes de gravidez
na Europa, Austrália, parte da Ásia e América do Norte, onde a
doença teria acabado se espalhando para outros anfíbios.
Nos testes, uma amostra da urina da mulher era injetada na
pele do sapo, e se a mulher estivesse grávida, um hormônio
presente em sua urina provocaria ovulação no sapo. Outros
testes envolviam machos e rãs que produziam espermatozóides em
resposta à presença de hormônio na urina.
A origem e transmissão do fungo são assuntos-chave no
seminário que avalia que mais de 1,8 mil espécies de anfíbios
estão ameaçados de extinção. As causas do desaparecimento das
espécies incluem a perda de habitat, devastação de florestas,
mudança de clima e poluição, mas a infecção por fungo é
considerada uma das principais. |