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, 17 de abril de 2005

MINAS

Espécies indesejadas

10:17

(Fernanda Odilla /Estado de Minas)



A silenciosa “invasão dos bichos” pode ser creditada a muitos criadores e moradores da capital e da região metropolitana, que transformaram a Pampulha num verdadeiro “bota-fora" de cágado-de-barbicha, tartaruga-de-orelha-vermelha, tilápias, peixes da espécie beta e outras criações não mais desejadas. Não há estudos sobre as espécies exóticas e invasoras da lagoa, mas ambientalistas são categóricos em dizer que os impactos podem ser irreversíveis.

“As pessoas acham que estão fazendo um bem à natureza ao jogar uma espécie qualquer na lagoa. Soltar em qualquer lugar é um perigo”, alerta Carlayle Mendes, diretor do Zoológico, avisando que animais silvestres devem ser entregues à Polícia Militar do Meio Ambiente ou ao Ibama. “Quando a pessoa se prontifica, não é punida por não ter autorização para criar determinado animal”, assegura Carlayle.

O perigo não apenas invadiu como já se prolifera na Pampulha. “Os melhores exemplos de espécies exóticas e invasoras, que contribuem até mesmo para a poluição da água, são os aguapés e as tilápias”, explica o biólogo Ricardo Pinto Coelho. Sempre famintas, as tilápias – nativas do continente africano e da Ásia Menor – venceram a competição com outros peixes e hoje reinam absolutas, colaborando para deixar a água da lagoa ainda mais turva. Nem mesmo as iscas e destreza de pescadores, como Eduardo Gomes, de 28 anos, são capazes de conter a proliferação das tilápias.

O Ibama já tem notícia de que um novo cardume foi jogado na lagoa, sem autorização. Daniel Vilela, chefe de Fauna Silvestre do órgão, conta que mais de 5 mil betas, peixes originários da Tailândia, nadam na lagoa há pelo menos dois meses. “A pessoa que as jogou encheu a boca para dizer que queria acabar com pernilongos. O grande problema é que, além de competir por alimentos, as espécies invasoras da Pampulha podem descer para o rio das Velhas e chegar ao São Francisco, carregando o risco do desequilíbrio ecológico”, avalia Vilela.

Mistério

Mas os pernilongos, que tanto perturbam os moradores da região, encontram refúgio nos invencíveis aguapés, que também protegem as tilápias. Até hoje, ninguém sabe explicar como essa planta aquática da América do Norte invadiu a Pampulha, ainda na década de 80. Mas como o esgoto insiste em desaguar na lagoa, o aguapé encontrou ambiente fértil para se multiplicar em grandes proporções. Para controlá-lo é preciso uma barreira de contenção e de 20 homens, munidos de pás, trator, caminhão e barco, que recolhem diariamente 4 mil quilos da planta.

O biólogo Ricardo Pinto Coelho alerta para outras duas espécies vegetais exóticas que invadiram a lagoa. As poligônias já estão próximas da Igreja de São Francisco. E as gramíneas africanas disputam com o aguapé espaço próximo à estação de tratamento de esgoto. Em outro importante ponto da orla, o Museu de Arte da Pampulha, são os cágados que roubam a cena colocando a cabeça para fora da água, caminhando lentamente pelo mato e até ousando atravessar a rua, conforme relatos de quem trabalham no local.

As pequenas tartarugas-de-orelha-vermelha, da América do Norte, depois que crescem exigem cuidados redobrados dos donos. Elas são, também, abandonadas na lagoa, onde competem por insetos e larvas com outras espécies. “A Pampulha é o lugar mais visado para ser o novo lar de quem desiste de seus animais aquáticos”, afirma o pesquisador Gilmar Bastos Santos, lembrando que as capivaras e o jacaré-de-papo-amarelo, que por vezes dão o ar da graça, não chegaram ali por acaso.



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