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01/09/2004
Agrotóxicos proibidos para a cultura da mamona envenenam trabalhadores em MT

A denúncia partiu esta semana do representante da Fase - Federação de Órgãos de Assistência Social e Educacional, Ronaldo Freitas. De acordo com a denúncia, cerca de dois mil trabalhadores de assentamentos, que trabalham com a cultura da mamona no sudoeste de Mato Grosso em incentivo à produção de biodiesel, estão sendo envenenados há um ano sem que as autoridades competentes façam nada a respeito.

Produzido pela Bayer do Brasil o produto, por ser de tarja amarela, ou seja, considerado altamente perigoso para o meio ambiente e a saúde humana, já está proibido no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia, Mato Grosso do Sul, Amazonas e Pernambuco. Isso pelo fato de já ter levado a óbito pessoas que utilizaram o produto. A empresa que incentiva a cultura da mamona em Cáceres chama-se Central de Compra da Mamona (CCM).

Ela garante aos assentados a compra da mamona e fornece, além da semente, assistência técnica. No entanto, apesar de tanto "apoio" não disponibiliza nem orienta o uso de Equipamentos de Proteção Individual quando da aplicação dos agrotóxicos. Esse fato, segundo Freitas é gravíssimo, pois o produto é sempre utilizado quando a cultura da mamona chega a altura do rosto do cidadão sendo por ele ingerido sempre que o aplica.

"O Endosulfan, um dos produtos utilizados, é um organoclorado da família do DDT e BHC. Uma gota é capaz de matar uma pessoa, pois tem efeito cumulativo. Pode matar de duas maneiras: rápido, quando o trabalhador começa a sentir tonturas, vômitos e dor de cabeça ou devagar acabando com sua imunidade", alertou.

Outro problema encontrado é que o panfleto da empresa, distribuído amplamente em Cáceres, "recomenda" substâncias químicas básicas como o inseticida Metamidophos e Polytrin, produtos estes considerados muito perigosos para o meio ambiente e altamente danoso ao ser humano. Também o fungicida Rovral, produto muito perigoso ao ambiente; o Vitavax Thiram, produto altamente perigoso ao ambiente e; herbicida sistêmico Round up e Gramoxone, este último classificado como altamente tóxico para o homem e muito perigoso para o ambiente, segundo a Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Freitas explicou que a recomendação de uso de um determinado agrotóxico numa determinada cultura deve originar-se a partir do registro do mesmo, passando por avaliação, aprovação e comprovação a partir de documentos científicos. Por estarem sendo recomendados a Fase solicitou ao Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento informações sobre agrotóxicos registrados para utilização na cultura da mamona. A resposta do Ministério afirma que não há nenhum inseticida registrado, portanto, legalizado, para o uso da cultura da mamona.

"O único fungicida registrado é a base de enxofre. Além disso só existe registro para herbicidas à base de trifluralina e não o de marca coimercial Round up, como a empresa CCM vem recomendando", informou. A empresa Aventis, de propriedade da Bayer, fabricante do agrotóxico Metamidophos, também foi contatada pela Fase e afirmou que não indica o produto para este fim.

De acordo com Freitas a Secretaria de Desenvolvimento Rural contribui mesmo que indiretamente para a continuidade do problema uma vez que incentiva os dias de campo para que a cultura da mamona cresça para que se consiga fortalecer a indústria do biodiesel. Nada contra o biodiesel, afirma ele, pelo contrário. Só acha que o governo do Estado deveria incentivar mais as pesquisas entre a CCM e a UFMT para que encontrem uma solução mais ecológica para combater a lagarta e o pulgão, que são as pragas que atingem as lavouras de mamona.

A cultura da soja também é outra que uso o agrotóxico, mas não tem tanto problema porque a aplicação é mecanizada. No entanto, o produto, alerta a Fase, fica nos grãos e o consumidor é quem acaba ingerindo este veneno.  (Estação Vida)

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