21/10/2004
Pinus é um dos "vilões" entre as espécies exóticas
invasoras
Pelo menos trinta e sete Unidades de
Conservação no Brasil estão contaminadas biologicamente por algum tipo de
espécie exótica "invasora". Destas, 25 estão localizadas no Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul e a árvore "Pinus" aparece como a espécie invasora
mais comum em todas as áreas.
Os dados fazem parte do primeiro
levantamento nacional de espécies exóticas invasoras, coordenado por Silvia
Ziller, presidente do Instituto Horus e assessora técnica do The Nature
Conservancy (TNC). Eles foram apresentados no seminário sobre Contaminação
Biológica durante o 4º Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC),
que está acontecendo em Curitiba.
Segundo Ziller, o "Pinus" aparece em
primeiro lugar das espécies invasoras devido à facilidade de germinação,
principalmente nas áreas abertas (os campos) onde há abundância de luz. "São
facilitadores para que esta espécie se propague e cause muitos danos às unidades
de conservação", explicou. Entre os principais problemas estão as escassezes de
alimentos para a fauna da região, devido à sombra que o Pinus produz.
A
segunda espécie invasora mais comum são as árvores frutíferas - nêsperas e
uva do Japão. Aparentemente inofensivas, elas começam a se proliferar no Parque
Municipal das Cachoeiras, no Rio Grande do Sul, e no Parque Estadual da Vila
Velha, no Paraná.
São árvores que também germinam com facilidade devido
ao fato de as sementes serem levadas pelo vento e que existem em abundâncias nos
quintais das casas. "Esta espécie expulsa as outras espécies nativas da região e
acabam causando interrupção da cadeia ambiental", afirmou Ziller.
No Rio
Grande do Sul, a espécie invasora mais prejudicial às UCs é o capim annoni, uma
gramínea originária da África do Sul, importada pelo fazendeiro Ernesto Annoni,
na década de 50.
Por ser mais resistente ao clima frio, o capim foi
plantado na região dos campos gaúchos como alternativa para alimentar o gado.
Entretanto, o gado não conseguiu digerir o capim e hoje 10% do campo gaúcho está
contaminado pela espécie. "Em 1979, eram 30 mil hectares e hoje já atingiu um
milhão", disse Ziller.
A solução para a contaminação destas áreas passa
por um processo de erradicação e controle biológico. O ideal, entretanto, é que
os profissionais façam um diagnóstico simples nas Unidades de Conservação,
reconheçam as espécies que não são nativas daquelas áreas e retirem. "É um
processo simples, que pode ser repassado aos moradores locais e até mesmo aos
alunos das escolas próximas às regiões contaminadas", ensina Ziller.
Apontada como uma das principais causas da extinção de espécies no
mundo, a Contaminação Biológica também foi tema da conferência da pesquisadora
Maj de Poorter, da Universidade de Auckland, Nova Zelândia, no 4º CBUC. Além da
contaminação por espécies invasoras, Poorter afirmou que a visitação pública nas
Áreas de Proteção é outra fonte de contaminação, principalmente nos parques
nacionais, pontos turísticos em muitos países.
Segundo Poorter, esta
contaminação pode ocorrer com os acessórios que turistas carregam durante as
viagens e até mesmo pelos carros que trafegam nas estradas, despropositadamente.
"Como o vento é um agente propagador de sementes, é preciso uma fiscalização
eficaz nas estradas e acessos e uma abordagem mostrando os malefícios que uma
espécie exótica invasora pode acarretar", explicou Poorter.
Como
exemplo, ela citou os procedimentos que são adotados em Nova Zelândia. "No
aeroporto, quando alguém desembarca é preciso responder a um questionário e a
bagagem passa por uma revista. A fiscalização é rigorosa. Há casos, dependendo
da procedência, em que até os sapatos são esterilizados e é proibida a entrada
de bijuterias feitas de sementes e frutos", explicou.
Maj afirmou que
somente com implantação de procedimentos rigorosos é possível evitar a
"desagradável" visita de espécies exóticas invasoras que podem causar danos
irreparáveis quando estão fora dos seus ambientes naturais. No Brasil, os
estudos sobre Contaminação Biológica começaram a ser realizados há menos de dois
anos.
Por ser uma novidade na área de pesquisas, é necessário que os
profissionais envolvidos com meio ambiente fiquem atentos e pesquisem sobre o
assunto. Alguns órgãos internacionais disponibilizam as listas com as espécies
invasoras mais comuns e algumas medidas de combate. As descobertas de novas
espécies podem ser comunicadas pelo e-mail invasoras@institutohorus.org.br.
CONTATO
Nome: Carlos Guimarães Filho
Fone: 41 254-6077
Empresa: NQM Comunicação
Pauta incluída por: Carlos Guimarães Filho
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